SEGREDOS FAVORITOS E MENTIRAS SINCERAS
Marcia Tiburi, Gustavo Von Ha, José Rufino e Ricardo Lísias respondem à pergunta feita pela #select32
Cristina Ricupero e Luciana Pareja Norbiato
GUSTAVO VON HA
A aura é algo inexplicável, um segredo em si mesma. Ela envolve uma obra de arte dando a ela um caráter único. Sendo assim, ela constitui parte dos segredos que envolvem os procedimentos e os processos artísticos. Desvendá-los problematiza todo o sistema artístico. Existe uma aura mítica em torno do processo e eu busco revelá-la porque desmitificar a arte e o próprio papel do artista nos dias de hoje significa esclarecer o que está em jogo nessa história que está sendo escrita. O que legitima um artista e uma “obra” num mundo em que tudo se torna apenas uma imagem? Uma cópia só tem significado de cópia dentro de uma narrativa histórica baseada em originais. Fora desse contexto, tanto a cópia quanto o original perdem completamente o sentido de comparação. Nesse ponto, o papel do falsificador me interessa, porque ele põe em xeque todo o sistema artístico e ainda brinca com a aura de uma obra “única” e “original”. Pois, aqui, a aura pode ser replicada ou mesmo transposta. Nessa operação, ele revela parte desse segredo… A cópia de um Jackson Pollock não é um Jackson Pollock, é, na verdade, sua antítese. Essa individual no MAC-USP (Inventário; arte outra) revela vários segredos sobre a construção de uma narrativa histórica e como a entendemos a partir de cânones mitificados pela história e pela crítica de arte. Quem escreveu essa história e por quê? Qual o segredo que define a realidade em que a gente se encontra?

