MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA da Universidade de São Paulo
Livro ACERVO: OUTRAS ABORDAGENS • VOL.IV
José LEONILSON e Albert HIEN
Fortaleza, 1957 - São Paulo, 1993
Munique, 1956
O contexto para uma reflexão já está proposto no próprio título desta obra Como reconstruir pelo menos um oitavo do Mundo sempre acaba sendo modificada a cada montagem, pois ela é reconstruída a cada montagem. Essa reconstrução está além do título, está na constituição física do trabalho. O estado transitório, e um tanto precário, desta obra também pode ser discutido sob a luz do acervo do museu.
Leonilson e Hien dividem a autoria de uma instalação que nos fala de utopia: um lugar que não existe, mas que pode vir a existir. O trabalho foi criado em seguida ao acidente nuclear em Chernobyl e prevê a pintura “Leo não consegue mudar o mundo”. Leonilson pontua sua poética pelas suas experiências e, dessa maneira, transforma experiências
íntimas em questões coletivas. Seu trabalho encontra o “outro” nesse lugar, onde o observador se torna cúmplice de sua poética.
Na ficha técnica consta: instalação formada por 61 peças de madeira pintada e 40 bandeiras de metal; entre as peças de madeira são utilizados, quando necessário, pedaços de feltro, cunhas e taquinhos de madeira para dar estabilidade à montagem.
Como reconstruir sua montagem original? Leonilson e Hien propõem a utopia por meio do improviso quando usam o feltro como estruturador da instalação que também tem esse caráter de mutação. Não sei direito identificar qual palavra exata descreveria esse processo... Talvez, esse trabalho fale de coisas onde a linguagem não alcança, mesmo sendo reconstruído sistematicamente a cada apresentação nos levando também a uma reflexão sobre o aprendizado. A montagem do trabalho se repete, mas o trabalho está em constante mutação. A cada nova reconstrução ele renasce, eternamente original.
Gustavo von Ha

