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Projeto Heist Films Entertainment

O Projeto Heist Films Entertainment consiste na invenção de uma empresa fictícia para criar trailers de filmes que não existem, com o objetivo de discutir limites entre realidade e ficção, mecanismos de produção de imagem, indústria cultural, celebridade instantânea e propriedade intelectual.

 

Os trailers são exibidos na internet e em salas de cinema, acompanhados de todos os aparatos de divulgação utilizados pela indústria cinematográfica como cartazes, DVD, banners e divulgação na mídia.

 

O Projeto desdobra-se em diversas plataformas, tendo como objetivo final exposição em um espaço físico museológico. Neste caso, os filmes são projetados em uma sala, junto com a exposição de objetos de cena, expostos dentro de vitrines, stills dos filmes impressos e documentos decorrentes do processo de produção dos trailers.

 

A explosão das novas mídias mudaram a relação que temos com a informação. Vivemos em um momento onde qualquer pessoa pode jogar informações na rede e multiplicar versões de um mesmo assunto. A veracidade dos “fatos” permanece suspensa. Diariamente recebemos boatos de internet por meio de spams e redes sociais, isso transforma a vida das pessoas.

 

Os excessos que as novas mídias oferecem contribuem para uma improvisação geral; todo mundo pode ser um produtor de informação audiovisual. Esta reprodutibilidade técnica da imagem desfaz sua autenticidade, seu caráter único e original.

 

Nesse contexto, o improviso é um dado importante no processo de criação de imagens. A mistura de atores profissionais com amadores faz deste improviso um método de trabalho.  Nas filmagens do Projeto Heist Films Entertainment, os atores recebem suas falas minutos antes da gravação. Em cena eles têm que preencher as lacunas com improvisos. Na direção desses filmes apenas uma ação é solicitada, como simplesmente abrir uma porta ou acender um cigarro; o texto é subsequente. No papel de “diretor” desses filmes, também estou atuando, desta forma, a relação no set de filmagem se dá entre personagem e personagem.

 

Para a construção de “filmes que não existem”, foi fundamental a utilização de clichês como artifício para a representação. Em praticamente todas as sinopses de filmes comerciais (estadunidenses principalmente) foram encontradas expressões como “em busca do amor”, “contagiante”, “emocionante” ou ainda “surpreendente”.

 

Esses “virais” que esses trailers produzem levantam a questão da cultura da celebridade instantânea tão presente atualmente. Uma pessoa pode se tornar uma celebridade por qualquer motivo, seja ele por estar num vídeo na internet ou até mesmo por vestir uma peruca azul como em “TokyoShow”, primeiro trailer do projeto.

 

A ideia de apresentar objetos de cena junto com os trailers problematiza a questão do fetiche e do “culto da estrela”, tão difundidos por Hollywood. No mundo de hoje tudo é transformado em mercadoria.

 

Nessa Era virtual torna-se cada vez mais difícil proteger os direitos de autor. A decisão de abrir os direitos de uso dos filmes na internet do Projeto Heist Films Entertainment também aponta para esta questão.

 

Este Projeto é uma continuação de trabalhos anteriores que investigam a produção da imagem ao longo da História da Arte. O mimetismo e a perda de controle sobre uma imagem criada estão diretamente ligados ao nosso tempo. É necessário repensar o papel do artista nos dias de hoje.

 

Gustavo von Ha

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